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Quanto tempo leva o processo de análise?

Com muita frequência, essa é a primeira pergunta que ouço dos pacientes. Isso é, obviamente, bastante compreensível. Afinal, as pessoas buscam psicólogos e psicanalistas porque estão angustiadas e querem se livrar o mais rápido possível desse mal-estar. Vivemos em um mundo no qual se promete a cura rápida. A cura rápida para a dor de cabeça, a dor de dente, a dor de garganta. Queremos nos curar logo para seguir a vida normalmente. Curar-se para voltar ao "normal" costuma ser o objetivo inicial da análise.





O tempo de trabalho do inconsciente, no entanto, não segue o ritmo do nosso sistema produtivo. Não há pílula mágica para curar a depressão, a ansiedade e a angústica. A única forma de lidar com essas dores psíquicas é o trabalho analítico - isto é: a fala. Ir em cada sessão, falar sobre si mesmo e tentar nomear aquilo que lhe sufoca, que lhe oprime, que lhe machuca. Tocar, aos poucos, nessas feridas em aberto - mas com muito carinho e paciência.


Para determinar o tempo da análise, é preciso conhecer a que passo caminha o paciente. O problema é que esse passo não tem um ritmo constante. Horas se caminha mais rapidamente, hora mais lentamente; porque é preciso parar, respirar, refletir. No espaço terapêutico, o tempo se contrapõe àquele "lá fora", o da vida cotidiana que nos impõe que voltemos ao "normal". Mas que normal é esse? Esse normal é sustentável? A que custo esse normal se mantém?


Passar pelo processo de análise não vai te levar ao seu antigo normal, porque o objetivo é a mudança. Mudar o que? Mudar para onde? Mudar para quê? Essas perguntas só podem ser respondidas na medida em que se avança. Ou, como diria de forma mais poética o Chico César: "... caminho se conhece andando, então vez em quando é bom se perder..."


Freud nos ajuda a esclarecer sobre essa temática. Veja esse trecho interessante de sua obra "Fundamentos da clínica psicanalítica":


"Ninguém esperaria levantar uma mesa pesada com dois dedos, como se fosse um banquinho, ou que se construa uma casa grande no mesmo tempo que uma cabaninha de madeira, mas assim que se trata das neuroses... até mesmo as pessoas inteligentes se esquecem da proporcionalidade necessária entre tempo, trabalho e sucesso."


Cada caso é muito particular e deve ser analisado de maneira personalizada. Há uma relação entre a queixa trazida pelo paciente, o trabalho a ser realizado, o tempo necessário e que objetivos se pretende alcançar. Além disso, é interessante ressaltar que a queixa que o paciente traz no início da terapia costuma ser a "ponta do iceberg". Ou seja, há mais coisas a serem desvendadas do que aquilo que se apresenta inicialmente!




Não há pílula mágica ou medicação que irá te curar de todos os problemas. Mas isso não precisa ser mais uma fonte de angústia. Ao chegar na terapia, você já está dando um primeiro passo - e não estará sozinho ou desamparado. Buscar ajuda é sair da paralisia que o mal-estar psicológico nos deixa e, portanto, restaurar o fluxo de vida que estava obstruído.


 
 
 

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